
Um novo estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de Lund, na Suécia, concluiu que a obesidade antes dos 30 anos eleva o risco de morte precoce em pelo menos 75%. O trabalho foi apresentado nesta semana no Congresso Europeu sobre Obesidade, em Málaga, na Espanha.
Os responsáveis analisaram dados de 620 mil adultos, com idades que variaram entre 17 e 60 anos. Os homens foram acompanhados por, em média, 23 anos, e as mulheres por 12 anos.
Após analisar os resultados, os cientistas observaram que os homens que se tornaram obesos antes dos 30 tiveram cerca de 84% mais chances de morrer precocemente em comparação com os que não ganharam peso quando jovens. Já entre as mulheres, esse aumento foi de 79%.
De forma detalhada, os pesquisadores constataram que, a cada 500g a mais na balança na faixa etária, o risco crescia em 24% para os participantes do sexo masculino e em 22% para as do sexo feminino.
O estudo também concluiu que esse aumento estava relacionado a uma maior incidência de uma série de condições de saúde entre os participantes obesos, em especial doenças cardíacas, diversos tipos de câncer e diabetes tipo 2.
"A principal mensagem desse estudo é clara: evitar o ganho de peso, especialmente no final da adolescência e na faixa dos 20 anos, o que pode ter um grande impacto sobre sua saúde a longo prazo. Ganhar peso no início da vida adulta ou desenvolver obesidade em uma idade jovem está associado a um risco maior de morrer de muitas doenças crônicas mais tarde na vida", diz Huyen Le, principal autora do artigo, em comunicado.
Aqueles que se tornaram obesos apenas mais tarde na vida também tiveram um risco maior de morte precoce, porém inferior ao observado quando o excesso de peso começava ainda na juventude. A obesidade entre os 30 e 45 anos de idade, por exemplo, aumentou o risco de morte precoce em cerca de 52%. Entre 45 e 60 anos, 25%.
Para a professora da universidade Tanja Stocks, os achados devem servir como um novo apelo para "apoiar hábitos saudáveis durante essa fase crítica", que é a juventude, o que pode "trazer benefícios duradouros" para o restante da vida:
"Mesmo pequenos ganhos de peso nos 20 e poucos anos podem aumentar significativamente o risco de morte precoce se persistirem por vários anos. Quanto mais cedo as pessoas adotarem um estilo de vida saudável, maiores as chances de uma vida longa".
No entanto, a diretora da Aliança de Saúde contra a Obesidade, Katharine Jenner, que não esteve envolvida com o estudo, destaca que "muitos jovens estão a caminho de atingir a obesidade aos 30 anos, impulsionados por um ambiente alimentar dominado por promoções de fast food, porções exageradas e produtos altamente processados".
Consumo de alimentos na rua, com poucos vegetais, influencia e aumenta risco, dizem especialistas
A população de 1960 era mais magra do que as pessoas em 2025? Segundo pesquisas científicas, a resposta é sim. Em 2024, 43% dos americanos eram considerados obesos, em comparação com apenas 13% na década de 1960.
E especialistas confirmam, culpando em primeiro lugar o aumento da ingestão de alimentos ultraprocessados e as refeições com mais calorias. Isso levaria às grandes taxas de obesidade que encontramos hoje ao redor do planeta e que desencadeiam uma série de problemas de saúde, incluindo doenças cardíacas, diabetes, pressão alta, colesterol alto, doenças do fígado, apneia do sono e certos tipos de câncer.
A nutricionista Autumn Bates, da Califórnia, revelou o que acredita estar impulsionando a epidemia de obesidade, detalhando quatro razões pelas quais as pessoas eram mais magras nas décadas adas, apesar de se exercitarem menos ou não terem o a monitores de condicionamento físico como Apple Watches.
Em primeiro lugar, a especialista pontua o declínio do consumo de refeições caseiras e frescas. "Nos anos 60, essas refeições costumavam ser a regra, não a exceção", afirma. Eles tradicionalmente incluíam proteína de altíssima qualidade, fruta, pão, alguns vegetais e leite.
Bates explica que essa mesma fórmula nutritiva era aplicada nos lanches escolares das crianças, para que elas tivessem uma dieta mais balanceada em comparação com hoje.
Na pesquisa que a nutricionista fez sobre o que as pessoas comiam na década de 1960, ela descobriu que alguns dos itens populares incluíam frango assado, bolo de carne, ensopado de carne, bife e batatas.
Houve pouca menção ao fast food, que teve um aumento no tamanho das porções - com contagens de calorias chegando a quase duas mil. Bates diz que os benefícios das refeições preparadas em casa incluem menor ingestão de açúcar, mais proteína e quantidade maior de vegetais.
Um estudo anterior da Universidade Johns Hopkins mostrou que pessoas que cozinham suas refeições em casa tendem a consumir menos carboidratos, menos açúcar e menos gordura.