
O Estádio Cerecamp (Mogiana) segue no limbo. Sem uso, sem projeto e sem destino, o espaço virou um símbolo do abandono de bens públicos, alvo de tentativas frustradas de venda e de dois leilões sem interessados. Agora, o vereador Gustavo Petta (PCdoB) propõe uma alternativa: transformar o local em um parque urbano, revitalizando a área e garantindo sua função pública.
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A ideia ganha força justamente porque o Estado já tentou se livrar do estádio e falhou. Em 2019, sob a gestão de João Doria, o governo paulista pretendia vender o equipamento, mas a pressão municipal barrou o avanço do projeto. O problema é que, de lá para cá, nada mudou. O espaço continuou sem função, até que, no ano ado, o governo Tarcísio de Freitas efetivamente colocou o estádio em leilão – e ninguém apareceu para arrematar.
O motivo para a falta de interesse é claro: o tombamento do estádio Mogiana, reconhecido como patrimônio histórico. As restrições impostas praticamente inviabilizam qualquer grande empreendimento privado no local, tornando a área pouco atrativa para investidores.
A proposta de Petta não é um devaneio político, mas uma ideia para um problema que se arrasta há anos. A proposta de transformar o estádio em um parque urbano segue exemplos, como os Parques Augusta e Bixiga, em São Paulo, criados a partir da desapropriação de áreas privadas. No caso do Cerecamp, essa barreira sequer existe – o espaço já é público, o que tornaria a iniciativa ainda mais atraente.
Além de preservar a história do estádio, um parque naquela região valorizaria o entorno, criaria uma nova área de lazer e daria uma função útil a um equipamento que hoje não serve para nada. O que falta, no entanto, é vontade política. O governo estadual já deixou claro que quer se livrar do imóvel.
Influencers
Se antes a tribuna era o principal palco da atuação parlamentar, hoje as redes sociais se tornaram uma extensão indispensável da política – e os vereadores de Campinas entenderam bem esse jogo. Com diferentes estratégias e níveis de produção, cada um tenta moldar sua imagem para cativar, engajar e fortalecer sua base eleitoral.
Entre os que dominam essa linguagem com profissionalismo, Paolla Miguel (PT) se destaca. Desde o meio de seu primeiro mandato, a petista mantém um trabalho bem editado e roteirizado, mirando o público progressista com narrativas cuidadosamente construídas. No outro extremo do espectro político, Nelson Hossri (PSD) adota um modelo ágil e direto, com edições rápidas e discursos incisivos, moldados para engajar o eleitorado bolsonarista e conservador.
Mas um caso recente chama ainda mais atenção pela mudança drástica de abordagem: Felipe Marchesi (PSB). O vereador, que antes mantinha um perfil mais tradicional, agora adotou um estilo quase humorístico, utilizando "graçolas" e referências da cultura pop, incluindo uma pose de herói do Homem-Aranha para transmitir suas mensagens. O detalhe curioso? A cara fechada de Marchesi contrasta completamente com o tom descontraído do novo formato, criando um paradoxo que, paradoxalmente, funcionou. Ele conseguiu atrair atenção, gerar engajamento e, acima de tudo, se tornar comentado.
A adaptação dos vereadores ao ambiente digital não é apenas uma escolha, mas uma necessidade. A comunicação política mudou, e quem ainda depende exclusivamente do plenário para se projetar, perde relevância na disputa por visibilidade.
Cada um encontrou seu caminho para se conectar com o público, seja por meio de produção profissional, discursos diretos ou estratégias inusitadas. O que importa, no fim das contas, é ser visto, comentado e compartilhado – e, nisso, alguns nomes já entenderam bem como transformar a Câmara de Campinas em um verdadeiro campo de batalha digital.
- Flávio Paradella é jornalista, radialista e podcaster. Sua coluna é publicada no Portal Sampi Campinas aos sábados pela manhã, com atualizações às terças e quintas-feiras. E-mail para contato com o colunista: [email protected].