
A criação da Secretaria Municipal de Políticas para as Mulheres, aprovada em definitivo nesta quarta-feira (28) pela Câmara de Campinas, marca mais um movimento de força da base governista e do PL dentro do governo Dário Saadi (Republicanos). A votação teve 19 votos favoráveis e nenhum contrário — o suficiente para ratificar o projeto sem ruídos. Mas, agora, a pergunta que paira nos bastidores do Quarto Andar é: quem vai comandar a nova pasta?
- Clique aqui para fazer parte da comunidade da Sampi Campinas no WhatsApp e receber notícias em primeira mão.
A nomeação está travada até o retorno do prefeito, que cumpre agenda internacional pela Estônia e Finlândia. Oficialmente, o posto está reservado ao PL, partido que se tornou uma das colunas centrais da base do governo na Câmara — e que com isso ganha mais espaço no primeiro escalão. Trata-se de um avanço político relevante e articulado, com apoio do núcleo estadual da sigla.
Entre os nomes ventilados nos bastidores, a vereadora Débora Palermo surge como uma indicação natural, não apenas por sua experiência, mas pelo simbolismo: é mulher, está no segundo mandato, presidiu a Câmara em momentos turbulentos e tem inserção nos meios institucionais. No entanto, a própria Débora já afirmou que “não é o momento”.
Se a escolha recaísse sobre Débora, um paradoxo se instalaria. Ao mesmo tempo em que o PL ganharia protagonismo com o discurso de fortalecimento das políticas para mulheres, perderia justamente a sua única representante feminina no Legislativo. Atualmente, a Câmara de Campinas tem apenas cinco vereadoras — e Débora é a única da ala conservadora. Sua saída abriria espaço para o suplente Edvaldo Cabelo, ex-vereador e alinhado ao perfil tradicional da sigla, mas quebraria a paridade simbólica que a nova secretaria pretende defender.
A nomeação, aliás, é um jogo de xadrez que vai além do campo municipal. Fontes garantem que a decisão será da cúpula estadual do PL, com a secretária estadual de Políticas para a Mulher, Valéria Bolsonaro, tendo peso direto na escolha. Isso mostra como o tema está sendo instrumentalizado também para consolidação de alianças e fortalecimento de palanques para 2026.
Mais do que uma pasta, a Secretaria da Mulher será um termômetro político e uma síntese de prioridades políticas, ideológicas e estratégicas para a construção de narrativas. Resta saber se o governo escolherá o tom técnico ou se a pasta se tornará apenas mais uma peça no tabuleiro.
A crise no Guarani chega ao legislativo
O vereador Marcelo Silva (PP) disse que acionou o Ministério Público para apurar supostas irregularidades graves na gestão do Guarani Futebol Clube. Durante discurso na Câmara Municipal de Campinas, o parlamentar classificou a situação do clube como “escandalosa” e afirmou que o Guarani, “patrimônio cultural e histórico da cidade”, está sendo dilacerado.
“Eu me sinto na obrigação de apontar algumas situações graves que estão ocorrendo, não no futebol, mas sim na istração de um clube que é patrimônio cultural histórico da nossa cidade de Campinas”, afirmou Marcelo, ressaltando que não se trata apenas de uma paixão esportiva, mas de uma defesa da história da cidade.
No pronunciamento, o vereador relatou uma série de indícios que apontam para gestão temerária ou até criminosa, com base em documentos e pareceres contábeis. “Nos últimos 5 anos, as contas do Guarani vieram com pareceres negativos ou cheias de ressalvas. Nenhuma foi aprovada com transparência. Os prejuízos de 2020 a 2024 superam o rombo de 50 milhões de reais”, disse.
Marcelo também questionou o papel do Conselho Fiscal do clube, que deveria zelar pela transparência. “A auditoria afirma que há valores que simplesmente não aparecem. Há demonstrações financeiras que não retratam a real dívida do clube”, declarou. Um dos exemplos citados foi a existência de R$ 186 mil em caixa ao fim de 2024, mesmo com a contratação de empréstimos com juros no mesmo período, sem justificativa plausível.
Segundo o parlamentar, há suspeitas de conflito de interesses entre dirigentes e empresas fornecedoras listadas nos balancetes, além de uma transferência de mais de R$ 1 milhão para uma empresa mexicana que, segundo a Receita Federal, não tem autorização para operar no Brasil.
Até o tradicional “Projeto Bugrinho”, voltado para crianças da base, foi mencionado: “Uma iniciativa muito bacana, voltada para 260 crianças, arrecadou menos que a sauna do clube no ano ado. Isso mesmo, a sauna lucrou mais que um projeto de base”, criticou.
Em tom emocionado, Marcelo reforçou seu vínculo familiar com o clube, desde seu avô, que foi mascote em 1930. “Eu concluo esse pronunciamento com dor, porque não é só futebol, é patrimônio público, é memória coletiva, é afeto, é carinho, é amor, é paixão.”
Por fim, ele fez um apelo à população e afirmou que irá às últimas instâncias: “Digo e repito, se for preciso, iremos às últimas instâncias. O Guarani não é de meia dúzia, o Guarani é do povo campineiro.”
A crise istrativa no Guarani ocorre em meio à má fase dentro de campo. Rebaixado à Série C em 2024, o clube atualmente amarga nova campanha ruim e está na zona de rebaixamento para a Série D. A debandada do Conselho de istração e a falta de transparência têm revoltado conselheiros e torcedores.
- Flávio Paradella é jornalista, radialista e podcaster. Sua coluna é publicada no Portal Sampi Campinas aos sábados pela manhã, com atualizações às terças e quintas-feiras. E-mail para contato com o colunista: [email protected].