
A gestora de projetos Ingrid de Sá, de São José dos Campos, relata momentos de desespero na cidade após embarcar em um carro de aplicativo. Em postagens nas redes sociais, ela conta que precisou pular do veículo em movimento para salvar a própria vida.
Clique aqui para fazer parte da comunidade de OVALE no WhatsApp e receber notícias em primeira mão. E clique aqui para participar também do canal de OVALE no WhatsApp.
O caso aconteceu na última quinta-feira (5), quando Ingrid saiu de uma reunião de trabalho, no centro de São José, para voltar para casa, no Campo dos Alemães, na região sul. Ela disse que pediu um carro por aplicativo na plataforma 99pop.
Iniciada a corrida e já com 5 minutos de percurso, contou Ingrid, o motorista disse a ela que não poderia levá-la até o desembarque, pois o bairro era perigoso. “Ele começou a fazer comentários desconfortáveis e pejorativos de lá”.
“Totalmente desconfortável com as perguntas e insinuações do motorista, sobre mim e onde eu morava, eu disse que tudo bem, para ele parar que eu iria descer. Ele me respondeu que estava brincando, e que iria me levar sim. Nesse momento assustada, peguei o celular para mandar a minha localização para meu marido, percebi que ele havia encerrado a corrida comigo dentro do carro”, relatou a gestora.
“Eu pedi para descer e ele começou a me responder nervoso, fazendo diversas perguntas desconfortáveis e insistindo que iria continuar a corrida”, disse Ingrid, que foi candidata a vereadora pelo PT, em São José, na eleição de 2024.
'Está ficando anestesiada?'.
Ela contou que, no momento em que o motorista fazia as perguntas, ela procurava na bolsa um segundo celular que usa para ligações. “Eu respondia as perguntas dele dizendo que não estava entendendo o que ele estava falando. Meus sentidos estavam lentos, eu estava com dificuldade de ouvir e me mexer, e foi quando eu ouvi ele me perguntar: ‘Está ficando anestesiada?’”.
“Foi nesse momento que percebi que estava perdendo os sentidos e entendi que a única forma de sair dali em segurança seria pulando do carro em movimento. Segurei firme nas minhas coisas, puxei a trava da porta e aproveitei a oportunidade da velocidade ter diminuído por conta do sinal”, relatou a gestora. “Eu estava na [rua] Vilaça, pulei ali bem em frente à câmera do COI”.
Ingrid disse que saiu apavorada, gritando por ajuda, muito tonta e confusa. “Tenho certeza que estava sob efeito de alguma substância que inalei ao entrar no carro fechado. Parecia que eu poderia desmaiar a qualquer momento”.
Foi quando uma mulher em um comércio viu a situação da gestora e ofereceu abrigo. “Eu fiquei ali por mais de uma hora até que meu marido conseguiu chegar, e o motorista continuou rondando o local, ameaçando”.
“Se eu não acreditasse que ele poderia me fazer mal eu jamais pularia de um carro em movimento. Ele havia encerrado a corrida comigo dentro do carro, dizendo que iria me levar. Eu quis descer, pedi para ele parar, mas ele insistiu que me levaria. Mas no app eu já tinha visto que a corrida já tinha sido encerrada. Foi quando pensei: preciso sair daqui antes que ele caia em uma via expressa e eu perca os sentidos, pois eu estava ficando confusa e perdendo os sentidos. Acredito que tenha inalado alguma coisa”, explicou Ingrid.
Ocorrência.
Ele disse que a “polícia não apareceu” e as ferramentas de segurança da plataforma “não funcionaram”. “Assim que ele encerrou a corrida foi perdida minha localização. Eu acionei o pedido de socorro do app e nada aconteceu”.
“Se não fosse essa mulher na rua, ele poderia ter me pego de volta, pois eu não estava em condições físicas de me defender”, acrescentou. “Na queda meus equipamentos de trabalho, notebook, celulares foram danificados. Mas o pior de tudo foi perceber que por uma fração de segundos eu poderia não estar mais aqui hoje para abraçar meu filho”, escreveu ela nas redes sociais.
O caso foi registrado na Polícia Civil. Segundo Ingrid, não foi realizado exame toxicológico nela para tentar descobrir a substância que teria sido usada dentro do veículo. “Não fazem em vivos, só em corpos”.
Ela também disse que o caso não foi enquadrado como tentativa de sequestro, em razão de ela ter conseguido fugir. “Também não se enquadrou em perseguição, pois ele me perseguiu por tempo insuficiente”.
“Não consegui nenhuma medida protetiva, mesmo ele tendo meu endereço, pois pra isso ele precisa tentar algo de novo. Foi registrado boletim de ocorrência para a investigação. E a 99 ainda não respondeu se o motorista foi bloqueado”, afirmou a gestora.
Procurada pela reportagem, a 99 ainda não se manifestou sobre o assunto. O espaço segue aberto e será atualizado após a manifestação da plataforma.