Calma, não estou falando de nada místico ou complicado. Estou falando daquela intuição que bate de leve, quase sussurrando, quando a gente sente que não tá sozinho, mesmo nas fases difíceis. Já reparou como tem momentos em que, apesar de tudo estar fora do lugar, vem uma paz que não faz sentido? É como se existisse uma camada da vida que não se vê, mas que a gente sente.
Tem dia que parece que o mundo inteiro virou as costas. A conta não fecha, a saúde preocupa, as notícias desanimam e mesmo assim, algo dentro da gente insiste.
É como se uma parte nossa se recusasse a desistir. Tem gente que chama de fé, outros de esperança, mas no fim das contas, é uma força discreta, firme, que empurra a gente pra frente quando tudo manda parar.
Essa força nasce quando a gente escolhe confiar sem ter todas as respostas, não porque é fácil, mas porque alguma coisa lá dentro diz que ainda vale a pena.
Quando a gente larga a necessidade de controlar tudo e aprende a caminhar com mais leveza, as coisas começam a se encaixar, nem sempre do jeito que a gente quer, mas muitas vezes de formas melhores do que imaginávamos.
Tem horas que tudo o que a gente precisa é de uma pausa e não pra desistir, mas pra respirar fundo e lembrar por que começou. Às vezes, parar por uns minutos e olhar pro céu já muda a forma como encaramos o dia. A correria nos engole, os problemas parecem gritar, mas esse silêncio interno, quando a gente consegue á-lo, é mais forte do que qualquer barulho lá fora.
Em qualquer lugar sempre tem gente sorrindo e tem gente lutando pra levantar da cama. E nessa mistura toda, o que faz diferença mesmo é quem consegue olhar além do agora. Não é negar a realidade, não, mas enfrentá-la com uma postura diferente. Com uma confiança que não depende de provas, mas que transforma o jeito de viver.
Tem coisa que não dá pra explicar. Como é que alguém continua acreditando mesmo depois de tanta pancada? Como é que alguém consegue ter paz no meio do caos? Talvez a resposta esteja justamente nessa escolha de enxergar com os olhos de dentro. De ver mais do que os problemas, de perceber que, por trás das dificuldades, pode estar nascendo um novo caminho.
E é bom lembrar que você não precisa estar inteiro pra continuar, pode seguir mesmo sem saber direito o que fazer. Às vezes, o simples ato de seguir em frente já é uma forma de fé. Não fé no sentido religioso, mas fé como essa certeza quieta de que, de algum jeito, tudo vai se resolver. Nem sempre rápido, nem sempre como a gente quer, mas vai.
Isso é um lembrete de que existe força em você, mesmo quando tudo diz o contrário e às vezes, tudo o que a vida espera é que a gente dê o primeiro o, com medo mesmo, com dúvidas, mas com a decisão de seguir.
Tem gente esperando o momento perfeito, a notícia boa e o sinal claro, mas a verdade é que a vida raramente dá todos os sinais de uma vez. É no escuro que a gente aprende a escutar melhor e é quando falta quase tudo que o essencial aparece. E é nesse espaço, entre o fim de uma fase e o começo de outra, que as grandes viradas acontecem.
Se tem uma coisa que o tempo ensina, é que a gente não precisa entender tudo pra continuar. Às vezes, basta acreditar que o próximo dia pode ser diferente. E é nessa simplicidade que moram as maiores transformações. Porque quando a gente muda por dentro, o mundo lá fora começa a responder.
Então, se hoje as coisas não estão como você gostaria, tudo bem, só não deixe de olhar adiante, não desista do que ainda não aconteceu. Às vezes, o que você tanto espera já começou a se mover, mesmo que ainda não dê pra ver. E quando menos esperar, aquela paz sem explicação vai bater à sua porta de novo. Só pra lembrar que, sim, você ainda pode confiar. Com carinho, Fabiane Fischer.
Fabiane Fischer é especialista na recuperação de dependentes químicos, abusos e compulsões.
